Instituto TIM

Desconstruindo generalizações sobre as mulheres

03/08/2016

Uma ideia diferente para celebrar o Dia das Mães virou um lindo projeto de valorização e respeito às mulheres na EC Arniqueira, de Brasília (DF)! A responsável foi a coordenadora Patrícia Pinho Andrade, que uniu as operações intelectuais de TIM Faz Ciência à teoria de pedagogia histórico-crítica para desenvolver oficinas com as turmas do 2º ao 5º ano baseadas em quatro ícones femininos: Coco Chanel, Malala Yousafzai, Frida Kahlo e Carmen Miranda.

Antes do início das oficinas, as professoras das turmas montaram um cartaz com a pergunta: “Qual a primeira palavra que vem à sua mente quando falamos ‘mulher’?”. Quase todos os alunos escreveram palavras relacionadas a beleza, maternidade e afetividade, e muitos meninos colocaram palavras como “shopping”, indicando que mulheres seriam consumistas. As crianças também entrevistaram mães e avós para saber suas idades, profissões, sonhos e cidades de origem e fizeram gráficos com as respostas.

Ao planejar as oficinas, Patrícia quis incluir diversos conceitos explorados em TFC, como a observação, o levantamento de hipóteses, a generalização e a definição. “Nunca tinha parado para pensar na didática científica, e TIM Faz Ciência me trouxe isso com muita clareza. A criança tem que ser provocada, temos que dar subsídios para que ela questione seus conceitos”, afirma. E foi justamente assim que ela conduziu o projeto “As generalizações do gênero”. Com muito bom humor, Patrícia se vestiu como cada personagem e apresentou fatos e questionamentos para que a garotada refletisse sobre a visão que tinha das mulheres.

Quatro mulheres, novas definições

Ao falar da estilista Coco Chanel, a professora apresentou uma linha do tempo multimídia mostrando as transformações nas roupas, paisagens, músicas e meios de comunicação entre os anos 1500 e 2000. As crianças observaram as mudanças desses elementos e ficaram surpresas quando descobriram que levou bastante tempo para que as mulheres conquistassem direitos como trabalhar, votar e até a liberdade de usar calças ou maiôs.

A oficina sobre a estudante Malala Yousafzai partiu da pergunta “Lugar de mulher é na…?” – e a resposta mais comum foi “cozinha”. Depois de contar a história de Malala, Patrícia propôs o Jogo das Invenções. O objetivo era adivinhar se algumas invenções foram criadas por homens ou mulheres e classificá-las em uma tabela. As crianças logo generalizaram que as invenções ligadas à beleza ou utilizadas em casa foram feitas por mulheres: meia-calça, vassoura, liquidificador… Mas Patrícia mostrou que as invenções que pareciam ser femininas foram criadas por homens, e que mulheres foram responsáveis pela invenção do bote salva-vidas, da tecnologia Wi-Fi, do limpador de para-brisa, entre outros. “As reações com o gabarito foram impagáveis”, conta a professora. É claro que a resposta da pergunta inicial mudou depois do jogo: lugar de mulher é onde ela quiser!

Na oficina sobre a pintora Frida Kahlo, a professora fez questionamentos aos alunos sobre o que significa ser forte. Ela explicou as transformações que acontecem no corpo dos meninos e das meninas e falou do parto como um exemplo da força das mulheres. Para provar que uma generalização comum era errada – a de que as mulheres não são boas motoristas – Patrícia apresentou dados do Departamento de Trânsito (Detran) que apontam que a grande maioria dos acidentes de trânsito é provocada por homens. Ela ainda retomou os resultados dos gráficos das entrevistas feitas com mães e avós, mostrando como elas também são mulheres fortes, e mencionou personagens femininas da história brasileira que são símbolos de força, como Dandara dos Palmares, Maria Quitéria e Maria da Penha.

A cantora Carmen Miranda, que era uma grande celebridade entre 1930 e 1950, deu início à discussão sobre a imagem da mulher na mídia. Os pequenos observaram várias propagandas e conversaram sobre os critérios utilizados para retratar a mulher. Eles viram que, infelizmente, muitas associavam as mulheres apenas a padrões de beleza e a trabalhos domésticos. “Questionei se naquelas propagandas eles viam suas mães, tias e avós”, diz Patrícia.

Para os alunos do 4º e do 5º ano, que participaram das quatro oficinas, a professora finalizou o projeto pedindo que eles escrevessem um texto coletivo (4º ano) e redações (5º ano) com o tema “Mulher é sexo frágil?”. Patrícia ficou encantada ao ver como os meninos respeitaram a história das mulheres tanto quanto as meninas, que perceberam a força que as mulheres têm. “Eles criaram novas definições para as mulheres, que apareceram em seus textos.” Um dos alunos resumiu bem sua nova definição: “Hoje elas são esportistas, jogadoras, jornalistas e muito mais. Mulher não foi criada para ser maltratada pelos homens. Elas foram criadas para serem livres, como todos, porque os direitos são iguais.”

4 Comentários

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    Nossa!Belo trabalho professora! Tema bem explorado e tratado como deve ser! Servirá de inspiração para meus próximos trabalhos relacionados ao tema!

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      Obrigada Flor! Fico muito feliz por esse feedback!!!
      Um grande abraço!
      Patricia

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    Parabéns , Coordenadora Patricia Pinho…

    Muito inspirador instigar nos educandos essa visão dinamica e forte da mulher. Possibilitando uma reflexão do papel feminino. Muito bom.

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      Obrigada flor!!! Fiquei muito feliz com o impacto do projeto nos alunos. Valew pelo feedback.

      Um grande abraço!
      Patricia Andrade

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