Instituto TIM

Por mais mulheres na área científica

15/02/2017

Quais os cientistas mais famosos que você consegue lembrar? Provavelmente, quase todos os cientistas (ou todos) que vieram à sua cabeça foram homens, não é mesmo? Por mais que existam grandes mulheres cientistas, elas ainda são minoria nos cursos e carreiras da área científica. Uma pesquisa conduzida pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostrou que 39% dos homens brasileiros que entraram na universidade em 2012 escolheram áreas relacionadas à ciência. Entre as mulheres, o número foi de 14%.

Esse cenário tem a ver com outra situação observada há alguns anos por professores de dois programas de extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) relacionados à educação científica. “Como trabalhamos desde os anos iniciais até o Ensino Superior, uma coisa que percebemos era a diminuição do interesse das meninas em seguir carreira na área da ciência ao longo dos anos. No começo elas são muito interessadas, e depois vai caindo o interesse”, conta a professora do Instituto de Física da UFRGS Daniela Pavani. Esse foi um dos motivos que levou à criação de um projeto da UFRGS chamado Meninas na Ciência.

O projeto começou a ser realizado em 2014 com alunas do Ensino Médio de Porto Alegre (RS), e agora atende estudantes do Ensino Fundamental à graduação. A equipe do Meninas na Ciência organiza oficinas de iniciação científica nas escolas e na própria universidade, debates sobre gênero e formações para professores. Além disso, o projeto realiza a produção do programa “Lugar de Mulher”, transmitido pela TV UFRGS e que apresenta a trajetória profissional de diversas mulheres na área de ciência.

As atividades são voltadas para meninas e meninos. “Entendemos que essa é uma questão que tem que ser vivenciada coletivamente”, explica Daniela, que é vice-coordenadora do projeto. Estudantes de anos iniciais participam de atividades de física e astronomia e discussões sobre a participação e a visibilidade das mulheres na ciência. Em 2016, ainda foram realizadas oficinas mensais na UFRGS com um grupo de 40 alunas do 5º ano de uma escola de Porto Alegre, uma experiência que a equipe pretende repetir. “O que é determinante é criar um vínculo, e não algo corriqueiro. É preciso conectar a ciência com a vida delas.”

 

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As formações de professores incluem tanto a conexão de temas de física e astronomia com outras matérias quanto discussões sobre igualdade de gêneros e como os professores e professoras podem refletir sobre sua própria postura em sala de aula. Segundo Daniela, a diferenciação entre gêneros na ciência vem do nosso próprio costume de separar o que é coisa de homem ou de mulher, e que acaba sendo reproduzido também na escola. “A nossa fala em sala de aula pode aprofundar essa diferenciação ou criar um ambiente livre para meninos e meninas aprenderem igualmente”, acrescenta.

Um dos primeiros passos para fazer essa reflexão é analisar o próprio material didático de ciências utilizado na escola, observando onde aparecem homens e mulheres e qual o papel e o destaque dado a cada um. “Dificilmente você vai encontrar um livro didático de ciências em que a menina é uma protagonista em um laboratório”, diz Daniela. A professora já encontrou até um aplicativo voltado para educação científica em que o papel da personagem feminina era limpar o laboratório. “A gente vê que muitas vezes elas se interessam por ciência, mas não veem isso como uma profissão. Isso vem muito do ambiente em que vivem.”

Para conhecer mais sobre o projeto ou tirar dúvidas sobre o tema, entre em contato pelo formulário disponível no site (clique na lupa na parte superior esquerda), envie um e-mail para meninasnaciencia@gmail.com ou mande uma mensagem pelo Facebook. Você também pode entrar em contato diretamente com os responsáveis pelo projeto pelos e-mails dpavani@if.ufrgs.br (Daniela Pavani), carolina.brito@ufrgs.br (Carolina Brito) e alan.brito@ufrgs.br (Alan Alves Brito).

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