Nas últimas semanas, noticiários do mundo todo falaram sobre uma novidade que pode mudar a maneira como conhecemos a nossa galáxia, a Via Láctea. Os cientistas estão montando o maior e mais completo mapa da Via Láctea que já existiu, com aproximadamente um bilhão de estrelas. Além disso, milhares de planetas fora do nosso sistema e galáxias distantes podem ser descobertos com esse novo mapeamento. Para esta missão muito especial, a Agência Espacial Europeia (ESA) enviou o satélite Gaia para registrar imagens da galáxia.
O mapa da Via Láctea é bem diferente dos mapas que você já viu: ele é em três dimensões (3D). Isso quer dizer que vamos poder ter uma ideia mais exata do tamanho das estrelas, de onde fica cada uma, da distância entre elas e de seus movimentos no céu. Além disso, os astrônomos conseguem medir também o brilho (e a mudança desse brilho ao longo do tempo), temperatura, composição e velocidade das estrelas. O objetivo é que, no futuro, a gente tenha uma noção mais precisa de como as estrelas estão distribuídas e como elas se movimentam, esclarecendo mais um pouco do grande mistério que ainda é o universo.
O mapa completo só vai ficar pronto no fim da missão, que começou em julho de 2014 e tem previsão de durar cinco anos. Mas, recentemente, a equipe da ESA divulgou a primeira imagem (veja abaixo) feita a partir das informações que o satélite conseguiu durante um ano no espaço, deixando cientistas e amantes da ciência na maior empolgação para saber como será o resultado final. O mapa mostra nossa galáxia e as galáxias vizinhas. As áreas com mais estrelas são as mais claras, e as com menos estrelas, as mais escuras. Observe também o formato espiral da Via Láctea, que podemos ver na horizontal.
Esta não é a primeira vez que um satélite é mandado para o espaço em missão para fazer um mapa da galáxia. Em 1989, a ESA lançou o satélite Hipparcos, inspirado no nome do astrônomo da Grécia Antiga que fez o primeiro estudo sobre as estrelas que conhecemos hoje. O satélite permaneceu em órbita até 1993 e suas descobertas mudaram a forma como os astrônomos enxergam as estrelas. Mesmo assim, o mapa feito naquela época é minúsculo se comparado ao que será feito agora – ele registrou mais de 1 milhão de estrelas, bem menos do que a quantidade prevista para o novo mapa.
No final da missão, o satélite Gaia terá conseguido mais de 1 milhão de gigabytes de informações sobre as estrelas – o equivalente a 200 mil DVDs. Na missão, os cientistas também poderão fazer testes relacionados à Teoria da Relatividade, de Albert Einstein, e entender melhor não só a origem e a história da nossa galáxia, mas o universo como um todo. E tudo isso é só uma pontinha do que pode ser descoberto sobre a Via Láctea – as cerca de um bilhão de estrelas que serão mapeadas representam apenas 1% do total de estrelas da galáxia. Imagine só a quantidade de informações que teremos quando for possível registrar o restante!
Saiba mais:
– Superinteressante
– ESA (em inglês)
– National Geographic (em inglês)