A presença de alunos com necessidades educacionais especiais nas escolas é cada vez maior. Em 2014, 93% dos estudantes de escolas públicas portadores de deficiência estavam matriculados em turmas comuns, de acordo com o Censo Escolar. Para que sejam incluídos nas atividades e consigam acompanhar o conteúdo, essas crianças e adolescentes exigem um tratamento especial. A equipe de TIM Faz Ciência conversou com três professoras que têm alunos com deficiência para saber como elas estão conseguindo incluí-los nos percursos. Se você também tem experiências bacanas, conte para a gente nos comentários!
Tomando a iniciativa
Em Belo Horizonte (MG), a aluna Ana Luíza emocionou seus colegas do 7º ano da EM Sobral Pinto durante duas atividades de observação. Ela tem deficiência psicomotora, o que faz com que tenha dificuldade para falar, andar, interagir com as pessoas e aprender coisas novas. A professora de ciências Viviane Ferreira procura incentivá-la a participar das atividades usando diferentes sentidos. Em “Observar”, Viviane colocou um objeto dentro de uma caixa para que eles observassem e adivinhassem o que era. Todo mundo teve a chance de pegar a caixa, balançá-la e tentar descobrir o objeto, inclusive Ana.
Quando os alunos começaram a fazer uma lista do que poderia e do que não poderia ser, pela primeira vez Ana tomou a iniciativa e levantou a mão para participar! E isso aconteceu novamente quando as crianças estavam preparando um terrário para observar o crescimento das plantas. Viviane pediu para que ela descrevesse os itens que iam ser usados. “Ela não conseguiu expressar o que era a terra, então coloquei um pouquinho em sua mão para que sentisse como era”, conta a professora. Ao jogar a terra no recipiente de vidro, Ana pegou uma muda por conta própria para começar a plantar. “Podem parecer coisas pequenas, mas é um grande avanço para ela. E já tive notícias de que Ana começou a participar mais ativamente das outras aulas também. Essa conquista começou com o programa”, diz Viviane.
Caderno do Estudante preenchido por Ana Luíza com a ajuda de sua acompanhante, Simone de Souza
Vivência e recursos visuais para surdos
A professora Marcia Angelita da Silveira dá aulas para crianças surdas na EMEF Especial para Surdos Vitória, de Canoas (RS). Ela conta que a maior dificuldade dos estudantes é com a linguagem, já que conhecem menos palavras. “Os alunos ainda estão no processo de aprendizagem do português, que é uma segunda língua para eles”, explica. Para se comunicar com sua turma do 5º ano, Marcia usa Libras (língua brasileira de sinais). Foi com os sinais de Libras que ela contou a história de Zé e Doroteia, por exemplo. E para que os alunos entendessem melhor a história, levou-os para observar o pátio – assim como faz o Zé.
“Eles precisam de vivências e de recursos visuais para entender melhor o conteúdo, então o tempo para o aprendizado é maior”, diz a professora. Ela está estudando todo o material de TIM Faz Ciência para ver maneiras de adaptar as atividades. Como as crianças ainda têm limitações para escrever, as discussões são feitas em Libras, anotadas na lousa pela professora e só depois repassadas pelos alunos no Caderno do Estudante. Assim, eles não perdem o foco da atividade no primeiro momento se preocupando com a escrita. A avaliação por rubricas também vai ser adaptada por Marcia, com frases menores e palavras mais simples.
Interação com a turma nas atividades
Na sala do 4º ano da professora Cenir da Costa Rodrigues, da EM Professor Marcos Waldemar de Freitas Reis, de Niterói (RJ), há três alunos com necessidades educacionais especiais. Gabriella tem dislexia, que é uma dificuldade para ler e compreender as palavras. Paulo tem deficiência intelectual, e demora mais para aprender e fazer atividades do dia a dia e da escola. E Samuel é superdotado, ou seja, tem uma inteligência maior do que o comum para sua idade. Mesmo com três perfis diferentes, a professora encontrou uma maneira de ajudá-los a aproveitar melhor as aulas: por meio da interação entre os colegas. “A turma é bem envolvida. Quando as crianças terminam a atividade, sempre se oferecem para ajudar quem ainda está fazendo”, conta Cenir.
Um dos alunos que está sempre contribuindo com a sala é Samuel. “Ele adora procurar respostas para tudo na sala de informática, então o incentivo a compartilhar os assuntos novos com o pessoal”, diz a professora. Para Gabriella e Paulo, a maior dificuldade em TIM Faz Ciência é com os textos. Cenir faz discussões com a turma para que eles percebam como cada um interpretou as histórias e depois os ajuda individualmente. A atividade que eles mais gostaram foi o jogo “Que som é esse?”, de “Observar”. A professora usou objetos da sala de recursos, onde os alunos especiais têm um acompanhamento específico, para que eles ficassem familiarizados com a brincadeira.
Saiba mais: O site da revista Nova Escola tem uma seção especial sobre educação inclusiva, com mais de 70 matérias, vídeos e infográficos para os professores ficarem atualizados.