Geleiras, desertos, vulcões. Nem parece que estamos falando do Brasil, mas o nosso país já teve paisagens bem diferentes do que vemos hoje. E, daqui a centenas de milhões de anos, as paisagens estarão totalmente transformadas também – não só no Brasil, mas em todo o mundo. Isso faz parte do movimento natural dos continentes pela superfície do Planeta Terra, que começou há 200 milhões de anos com a quebra do primeiro supercontinente, chamado Pangeia. A partir de então, os continentes foram se separando e mudando de posição no planeta. E é por isso que o Brasil, antigamente, não tinha nada a ver com o país que conhecemos hoje.
Para entender isso, basta lembrar que cada região do mundo tem condições climáticas diferentes por causa de sua localização. Como as localizações de cada continente mudaram ao longo do tempo, o clima mudou também. Por exemplo, quando o continente onde se localizava o Brasil estava mais perto do Polo Sul, grande parte do que hoje é o Nordeste era coberta por geleiras. Os icebergs desse período deixaram marcas nas rochas e deram pistas para os pesquisadores descobrirem que já existiram geleiras por aqui. Além do Nordeste, há sinais de que tenham existido geleiras no Sudeste, no Sul e no Centro-Oeste, especialmente em São Paulo e no Paraná.
Se em um período o país teve regiões cobertas por geleiras, milhões de anos depois foi o contrário: o Brasil era um grande deserto. Ele estava localizado bem no meio de um bloco gigante chamado Gondwana, que reunia o que hoje é a América do Sul, a África, a Oceania, a Antártida e alguns países do Sul da Ásia. Como a região onde o país ficava era cercada por terra, sem nenhum contato com o mar, as correntes de ar carregadas de umidade do oceano não chegavam até lá. É o que acontece hoje com a parte central da Ásia, que é desértica.
Parece difícil de acreditar que o país que tem a maior floresta tropical e uma das maiores redes fluviais (conjunto de rios) do mundo teve climas tão extremos, não é mesmo? Mas as transformações não pararam por aí! Até vulcões já estiveram em atividade no Brasil, provocando mudanças que podem ser vistas ainda hoje no relevo. As cidades de Araxá, Tapira e Poços de Caldas, em Minas Gerais, estão dentro de crateras formadas pelo vulcanismo. As erupções vulcânicas foram responsáveis pela formação de grandes reservas minerais nessa região.
Como dissemos no início da matéria, essas transformações estão relacionadas à movimentação dos continentes, que continua a acontecer. A gente não percebe porque é um processo muito lento, que leva milhões e milhões de anos. Isso nos faz pensar: como será o mapa do mundo no futuro distante? Não sabemos, mas podemos imaginar. Este vídeo do geólogo norte-americano Christopher Scotese, da Universidade Northwestern, mostra a previsão de muitos cientistas sobre o futuro dos continentes em 250 milhões de anos: se juntar novamente em um supercontinente. Veja só!
Saiba mais:
– Agência Fapesp
– Revista Pesquisa Fapesp
– BBC (em inglês)