Instituto TIM

Ficção científica na realidade da sala de aula

17/05/2016

A ficção científica pode ser uma grande aliada das aulas de ciências. Mesmo que tenham uma finalidade artística, os livros, filmes, quadrinhos e outras obras desse gênero trazem muitas reflexões que podem ser incorporadas aos assuntos explorados em sala de aula. Para o professor Luís Paulo de Carvalho Piassi, orientador dos programas de pós-graduação em Educação e em Estudos Culturais da Universidade de São Paulo (USP), o mais interessante da ficção científica é o tipo de raciocínio e as especulações sobre o mundo que as histórias trazem – e que também fazem parte do dia a dia dos cientistas.

“São obras de fantasia, que não representam o mundo real, mas que produzem imagens de como o mundo poderia ser, de uma maneira bem fundamentada”, diz o professor, que já publicou diversos artigos sobre o tema. E as histórias não servem apenas para as aulas de ciências. “Dá para estabelecer uma conexão entre ciências sociais, história, filosofia e outras áreas do conhecimento humano. Não fica restrito ao conhecimento científico, como os recursos didáticos normalmente fazem”, explica.

Para os professores que querem incorporar a ficção científica nas aulas, a orientação é ter olhar crítico e se informar sobre as propostas e ideias passadas nas obras. Só assim é possível saber se esses conceitos estão de acordo com o contexto das aulas. “Não pode passar uma obra só porque alguém achou legal e recomendou, tem que fazer uma reflexão crítica”, ressalta Luís Paulo. No caso de turmas dos anos iniciais do Ensino Fundamental, também vale o cuidado de adaptar as histórias para uma linguagem que as crianças entendam.

Existem obras de ficção científica que foram produzidas para crianças, como o filme de animação “WALL-E” (2008). Mas há diversos clássicos do gênero que podem ser adaptados – alguns deles, inclusive, ganharam versões para o mundo infantil. Livros como “Vinte mil léguas submarinas” e “Viagem ao centro da Terra”, de Júlio Verne; “A máquina do tempo” e “A guerra dos mundos”, de H.G. Wells; e “Eu, robô” e “Sonhos de robô”, de Isaac Asimov, são algumas das recomendações de Luís Paulo tanto para essa faixa etária quanto para os professores que querem conhecer melhor o universo da ficção científica.

Os professores nem precisam exibir o filme ou pedir para que as crianças leiam o livro. Dá para se inspirar nas obras e fazer contações de histórias, criar peças de teatro, promover debates, entre outras atividades. “O que importa do ponto de vista pedagógico é a história, o enredo”, afirma. “O processo didático é de adaptação, e isso faz parte da rotina escolar.” O mais importante é que as crianças participem o tempo todo, discutam a história, coloquem suas posições e façam reflexões. Senão, a obra servirá apenas como entretenimento.

Quem tem dificuldade de acesso a livros e DVDs pode encontrar algumas obras online. “Muitas obras da literatura, principalmente de autores clássicos, já estão em domínio público. Há tradutores que liberam as obras gratuitamente, e é possível encontrá-las em bibliotecas virtuais”, indica o professor. Para os autores mais recentes, a melhor saída é procurar as obras em bibliotecas ou recorrer a programas de doação de livros. No caso de filmes, é mais complicado consegui-los de forma gratuita, mas às vezes dá para encontrar clássicos da ficção científica disponíveis no YouTube na íntegra.

 

Créditos da foto em destaque (WALL-E): Walt Disney Pictures/Pixar Animation Studios

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