Uma lenda conhecida na EM Brice Francisco Cordeiro, de Goiânia (GO), virou tema de investigação dos alunos do Ciclo I (1º ao 3º ano). Diziam que, antes de existir a escola, havia um cemitério no terreno – inclusive, tinha gente que acreditava que a escola era mal-assombrada! Como a professora Silvana Dias Figueiredo já estava adaptando algumas atividades do percurso Questionar para as crianças, ela resolveu convidá-los a solucionar esta questão: o que havia no terreno antes da escola ser construída?
Os estudantes levantaram suas hipóteses por meio de textos, desenhos e histórias em quadrinhos. Alguns achavam que era mesmo um cemitério, enquanto outros supunham que era um campo de futebol, uma fazenda e até um covil de bruxos! Teve também quem disse que Brice Cordeiro era diretor da escola e foi enterrado nos fundos do terreno, onde há uma construção abandonada. Quando Silvana perguntou como tinham chegado a essas hipóteses, eles responderam que alguém havia contado a história, mas ninguém tinha certeza se era verdade ou não.
“No material de TIM Faz Ciência, o professor José Sérgio diz que questionar é pedir para que as pessoas apresentem as razões que as levaram a acreditar em algo. E foi o que eu pedi para as crianças”, diz a professora. Para verificar se as hipóteses estavam certas, Silvana levou a turma para fazer um passeio pela escola e observar tudo que tivesse a ver com as hipóteses. A garotada ainda pesquisou a biografia de Brice e analisou documentos dele e da escola.
Até que, ao conversar com a diretora sobre o projeto, a professora descobriu que a coordenadora do período noturno da escola, Ana Gláucia Cordeiro Cavalcante, era neta de Brice. Ana Gláucia foi convidada a contar a história de seu avô para as crianças e tirar todas as dúvidas sobre o mistério que envolvia a escola. Ela contou que Brice era motorista e nunca foi diretor da escola. Aliás, ele nem chegou a frequentar uma escola, era autodidata e aprendeu a ler e a escrever em casa. Mesmo assim, Brice era um grande defensor da educação e bastante envolvido com movimentos políticos que defendiam causas sociais. Por isso, a escola foi batizada em sua homenagem.
E quanto à questão sobre o que havia no terreno antes da escola ser construída? Ana Gláucia disse que ela mesma se lembra de quando passava por lá e havia apenas uma área cheia de mato – e Brice não foi enterrado no local, e sim em um cemitério da cidade. Os alunos ficaram na maior empolgação ao resolver o mistério! “Era um tema que tinha um significado para os meninos e meninas, por isso se envolveram tanto”, explica Silvana. A professora ressalta que foi o trabalho de pesquisa e investigação que manteve a curiosidade das crianças durante todo o projeto. “Se eu desse a resposta pronta, não iriam se interessar. Eles perceberam que temos que pesquisar para saber os fatos.”
Silvana gravou um vídeo sobre o projeto com a ajuda de colegas da escola, com fotos, depoimentos dos alunos e da professora e trechos da palestra de Ana Gláucia (confira abaixo). O projeto também foi apresentado no VI Simpósio de Educação e Tecnologia da Rede Municipal de Educação de Goiânia, no dia 20 de outubro. O evento foi organizado pela Secretaria Municipal de Educação e ainda contou com uma palestra de TIM Faz Ciência no dia 21, apresentada pelo doutor em Física Cesar Nunes.