Instituto TIM

Gírias de Outeiro registradas em um dicionário

31/08/2016

A Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira fica em um lugar diferente: no meio de uma floresta na Ilha de Carateteua (mais conhecida como Outeiro), em Belém (PA). Mesmo fazendo parte da capital paraense, Outeiro tem gírias próprias e bem curiosas! Foi o que a professora Daniele Monteles, que não mora na ilha, acabou descobrindo junto com seus alunos do 5º ano durante o Desafio Nível 3 de “Definir”.

Antes de falar sobre as gírias, Daniele levou a garotada à biblioteca da escola para conhecer a estrutura e a organização de um dicionário. Além do dicionário tradicional de língua portuguesa, ela apresentou o Dicionário Papachibé, com expressões usadas no Pará, e um dicionário ilustrado online do idioma tupi-guarani. “Eles acharam bem divertido, porque viram que não existe só um dicionário padronizado”, conta. A turma descobriu novas palavras, pesquisou as respostas do Desafio Nível 2 – Parte 3 e conversou sobre a formação das palavras e as linguagens formal e informal.

O momento seguinte foi de fazer um levantamento das gírias que as crianças usam no dia a dia ou que costumam ouvir em sua vizinhança. Foi então que a professora se surpreendeu com a quantidade de expressões diferentes usadas em Outeiro e que ela não conhecia. Algumas delas estavam relacionadas ao contexto de vida das crianças na periferia. “Mergulhar no mundo daquelas palavras foi além do que eu mesma esperava. Precisei de fôlego para imergir em uma realidade diferente do que a inocência das minhas crianças transparecia. Junto com as palavras, vieram as histórias e experiências de vida que a própria atividade solicitava ao pedir exemplos de uso”, diz Daniele.

A professora propôs que a turma criasse um dicionário de gírias de Outeiro, que incluiu expressões como “chibiroso”, que é uma pessoa desastrada ou desajeitada (“meio maluquinha”, como explica Daniele); e “muafo”, o mesmo que preguiça. Os alunos também incluíram gírias paraenses que costumam usar no dia a dia, como “de rocha”, usada para confirmar alguma pergunta. “Foi uma conquista, eles se sentiram escritores. Foi bem importante no sentido de fazer parte desse processo de registro das palavras”, afirma. “Eu tive a oportunidade de entender mais como eles se comunicam e eles se sentiram valorizados, produzindo conhecimento.” Veja o dicionário completo no álbum abaixo (acesse o Flickr para aumentar a visualização das páginas).

Observação do recreio

No ano passado, a turma tinha completado a operação “Observar”, mas ainda não conseguiu colocar o plano de ação em prática. É que a ideia foi organizar jogos coletivos para os alunos interagirem mais, começando pela queimada. “O intervalo é um momento incrível, porque os alunos têm um bosque para explorar. Mas cada um corre para um lado”, explica Daniele. Quando a turma conseguiu agendar os jogos no campo de areia, onde os estudantes fazem as atividades físicas, começou o período de chuvas na região, o que dificulta a caminhada pela trilha que leva até lá.

Agora a professora e as crianças estão decidindo se vão retomar essa atividade ou qual será a próxima etapa a ser realizada. “Percebo que os alunos ganharam um olhar diferente para o conhecimento. Eles perderam a ideia do ensino tradicional e passaram a querer vivenciar o que aprendem, ficaram mais críticos e ativos”, relata.

6 Comentários

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    Professora que maravilha possibilitar aos seus alunos produzir conhecimento a partir do seu cotidiano, estas ideias inspiradoras fazem toda a diferença, apesar das enormes dificuldades que as escolas públicas de nossa cidade passa, você fez a diferença, parabéns!
    E é importante frisar o apoio que o material pedagógico disponibilizado pela TIM FAZ CIÊNCIA propiciou realizar esta experiência com seus alunos!

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    Parabéns pela dedicação e competência, professora Daniele!!! É de profissionais assim que a Educação precisa! Teus alunos são privilegiados!

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    Parabéns professora Daniele Monteles. Muito interessante essa atividade que valoriza o que as crianças trazem da cultura local.

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    A professora Danielle desenvolveu um trabalho maravilhoso, valorizando a realidade dos alunos. Os alunos devem ter orgulho da professora que tem.

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    dá orgulho ver o esforço da professora. Parabéns! É disso que nossas crianças precisam!!!!

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    Excelente! O povo da Ilha de Caratateua precisa ser olhado, valorizado, respeitado em todas as suas peculiaridades. Parabéns pelo trabalho!

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