A classificação dos seres vivos é tão importante para a ciência, que tem até um nome específico: taxonomia. Esse é o ramo da ciência responsável por identificar, descrever e classificar as criaturas do planeta em diferentes grupos. Muito mais do que uma organização da vida na Terra, a taxonomia ajuda no estudo das espécies, em entender como aconteceu o processo de evolução e oferece informações que podem ser utilizadas para várias finalidades, como prevenção de doenças, preservação da natureza, segurança alimentar, entre outras.
Há diversas maneiras de se classificar os seres vivos, mas existe um conjunto de critérios oficiais utilizados na taxonomia. Mesmo assim, esses critérios são questionados e revisados constantemente, já que volta e meia os cientistas descobrem alguma espécie que não se encaixa em nenhum deles.
A forma de se classificar os seres vivos mudou bastante ao longo do tempo, acompanhando o avanço da ciência. A primeira classificação de que se tem registro foi feita pelo imperador chinês Shen Nung há aproximadamente 4,6 mil anos. Ele pesquisou e classificou 365 espécies de plantas, minerais e animais de acordo com suas propriedades medicinais – diz a lenda que Shen Nung experimentou a maioria delas. Também há registros com classificações de plantas medicinais em papiros e pinturas nas paredes feitas há 3,5 mil anos no Egito.
Mas quem classificou os seres vivos de acordo com as características do organismo pela primeira vez foi o filósofo grego Aristóteles, há cerca de 2,3 mil anos. Ele utilizou vários critérios para organizar os animais em diferentes grupos, como espécies “com sangue” e “sem sangue” (semelhante ao que hoje chamamos de vertebrados e invertebrados), terrestres e aquáticas, vivíparas, ovovivíparas e ovíparas, mamíferos, peixes, aves, insetos, crustáceos e moluscos… Aristóteles foi o primeiro a usar duas palavras para nomear as espécies, sendo que a primeira era referente à família a qual ela pertence e a segunda, para identificá-la dentro dessa família.
Por muito tempo, a classificação dos seres vivos foi feita com base nos critérios de Aristóteles e outros filósofos da Antiguidade. Só no século XVI, com as viagens de exploradores europeus pelo mundo e a descoberta de novas espécies, que novos critérios começaram a ser definidos. Até que no século XVII o cientista sueco Carl Linné estabeleceu uma série de regras para identificar e classificar os animais, e ficou conhecido como “pai da taxonomia”. Foi ele quem determinou como deveriam ser criados os nomes científicos. Além disso, Linné sugeriu um sistema de classificação que incluía classe, ordem, gênero e espécie.
Porém, existia um problema na técnica de classificação criada por Linné: ele considerava como seres vivos apenas as plantas e os animais. Graças ao trabalho de outros biólogos ao longo dos séculos XIX e XX, sabemos agora que os seres vivos são classificados em cinco reinos: animal, vegetal, fungi (fungos), protista (inclui seres como algas e amebas) e monera (inclui bactérias e arqueobactérias). Além disso, a teoria da evolução lançada pelos cientistas Charles Darwin e Alfred Wallace no século XIX fez com que o sistema de Linné fosse ampliado, já que novas ligações entre as espécies foram descobertas e sugiram outros critérios de classificação.
Como você pode perceber, as formas de se classificar os seres vivos podem mudar o tempo todo, mesmo que os critérios sejam objetivos – assim como na história “A garça e o rinoceronte” (percurso Classificar). Agora imagine que você é um cientista e vai definir um novo critério para classificar os seres vivos. Qual critério você escolheria? Como ficariam organizadas as espécies? Escreva nos comentários!
Créditos da foto em destaque na página inicial: vários autores, compilação por Eryn Blaire/Wikimedia Commons (CC BY-SA 3.0)
Ótimo