Já pensou fazer um curso sobre evolução humana com um dos maiores cientistas brasileiros? Pois é isso que a videossérie “A Saga da Humanidade”, apresentada pelo paleoantropólogo e professor da Universidade de São Paulo Walter Neves, permite a qualquer um que queira saber mais sobre como viemos dos primatas e chegamos no Homo sapiens. A série foi publicada no Canal da USP e gravada no Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos do Instituto de Biociências da universidade.
São 11 aulas e mais uma de observações finais – a menor tem 7min02 e a maior, 16min52. A primeira e a segunda aula falam da relação entre humanos e chimpanzés, apresentando os pontos em comum e as principais diferenças entre os dois. “A grande pergunta que as pessoas se fazem é ‘nós viemos do macaco?’. Essa pergunta, na verdade, é inadequada, porque nós somos um grande macaco”, explica Walter. Sim, nós descendemos do macaco, mas não de um macaco que esteja vivo atualmente. “Nós e os chimpanzés viemos de um ancestral comum que viveu há cerca de 7,5 milhões de anos, muito provavelmente na África”, completa.
Na aula 3, Walter refuta dois mitos da evolução. O primeiro deles, que a as coisas vão evoluindo todas ao mesmo tempo. A evolução, na verdade, não é linear, ela acontece em mosaico: uma coisa pode ter vindo antes da outra, uma certa característica some e depois volta a existir em outra linhagem. O outro mito é a ideia de que sempre houve apenas uma espécie de hominínios vivendo ao mesmo tempo no planeta, como é hoje. Há 30 mil anos, por exemplo, havia cinco espécies convivendo ao mesmo tempo.
(Hominínios? Mas não seriam hominídeos? Walter explica a diferença: a palavra hominídeo é de um tempo em que se assumia que Homo sapiens e chimpanzés pertenciam a famílias diferentes. Hoje, os cientistas acreditam que somos mais próximos do que isso, só nos distinguimos em termos de tribos zoológicas. Daí a mudança no termo.)
Depois, é hora de conhecer os hominínios que preenchem a lacuna entre nosso ancestral comum com o chimpanzé e os humanos atuais. Da aula 4 à 6, são apresentados fósseis do Sahelanthropus tchadensis, que alguns cientistas acreditam ser o “elo perdido” entre humanos e macacos; o Ardipithecus ramidus, que quebrou paradigmas por ser uma espécie com características tanto de bípedes, quanto de arborícolas; e o Australopithecus afarensis, muito famoso por causa de Lucy, um esqueleto encontrado nos anos 1970 que, durante muito tempo, foi visto como o ancestral direto do homem.
Com a aula 7, começam os representantes do gênero homo: Homo habilis, que recebeu esse nome por ter sido encontrado junto a ferramentas de pedra lascada; Homo erectus, o primeiro hominínio a deixar a África e se aventurar pelo Cáucaso, Sudeste Asiático e China; o Homo heidelbergensis, encontrado na África, na Índia e na Europa; o Homo neanderthalensis, com seu corpo adaptado para climas gélidos; e, finalmente, o Homo sapiens, que descende do Homo heidelbergensis (não do neandertal, como muitos acreditam).
Ao longo do curso, Walter conta sobre o trabalho da paleoantropologia, explica como, onde e em que estado os fósseis foram encontrados, mostra os traços que diferenciam cada espécie e de que forma eles evoluíram, fala de curiosidades da evolução e de questões que ainda não foram respondidas (por que desenvolvemos queixo? por que o Homo heidelbergensis foi o primeiro a ter cárie?) e explora a grande mudança que nos diferencia dos primeiros Homo sapiens: a capacidade de produzir e manipular símbolos, atribuindo valores e significados a coisas que existem e a coisas que não existem.
Uma verdadeira aula de evolução com um dos nossos maiores cientistas, e que todo mundo que gosta de ciência deveria assistir!
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