Você já deve ter ouvido que “errar é humano”. E é mesmo. Errar faz parte de aprender. É descobrindo que uma coisa não está certa que nós entendemos o que sim, está certo. E na ciência não é diferente: os cientistas criam hipóteses e só depois de muito testá-las (ou melhor, observar, verificar, classificar, questionar, definir, aplicar e, finalmente, generalizar) é possível dizer se aquela hipótese é verdadeira ou não. E nesse processo, muitas hipóteses ficaram para trás porque não passaram nos testes. Só que a gente costuma só saber dos sucessos dos cientistas, não das diversas ideias erradas que eles tiveram. O astrofísico israelo-americano Mario Livio escreveu o livro “Tolices Brilhantes” pra esclarecer isso. Conheça um pouco dos erros contados por Livio para provar que todo mundo erra. Todo mundo mesmo!
Albert Einstein
O pai da Teoria da Relatividade Geral, de quem já falamos algumas vezes (aqui e aqui), cometeu um erro que virou um acerto. Na época em que Einstein formulou a Teoria da Relatividade, as equações só fariam sentido se o universo estivesse se expandindo ou se contraindo. Acreditava-se, então, que o universo era estável. Por isso, em 1917 Einstein acrescentou às equações uma constante cosmológica. Mais tarde, Edwin Hubble provou que o universo não era estático, mas sim, que estava em constante expansão. Einstein classificou a constante cosmológica como o maior erro de sua carreira – mas não viveu para vê-la reabilitada. Hoje, ela é utilizada para explicar a energia escura, uma força que ninguém sabe direito o que é mas que foi descoberta em 1998 e acelera a expansão do universo.
Charles Darwin
Darwin é o responsável por formular a teoria da evolução das espécies por seleção natural, em 1850, mas não conseguiu solucionar todas as variáveis de seu próprio trabalho. Quando sugeriu que os seres vivos mais adaptados para um determinado ambiente têm mais chance de sobreviver e se reproduzir, passando essas características positivas a seus descendentes, Darwin absorveu em sua teoria um mecanismo de hereditariedade “por mistura”. Essa ideia era vigente na época (segundo ela, o descendente herdava as características do pai e da mãe misturadas, em uma espécie de média), mas era incompatível com o resto da teoria. Alguns anos mais tarde, Gregor Mendel publicou seus estudos sobre hereditariedade, que explicaram por fim os mecanismos genéticos e corrigiram a teoria da evolução de Darwin.
Lorde Kelvin
Lorde Kelvin, que se chamava William Thomson, é conhecido por ter desenvolvido a escala Kelvin de temperatura absoluta (que determina o valor correto do zero absoluto como cerca de -273°C) e por descobertas nas áreas de eletricidade, magnetismo e termodinâmica. Ele também foi responsável pela primeira tentativa séria, baseada em física fundamental, de calcular a idade da Terra, no final do século XIX. O número a que Kelvin chegou foi de 20 milhões a 100 milhões de anos – hoje sabe-se que a Terra possui 4,5 bilhões de anos. Esse cálculo real foi possível com a descoberta da radioatividade e dos movimentos de convecção no interior da Terra.
Linus Pauling
Linus Pauling é considerado o maior químico do século XX. Em 1939, ele conseguiu decifrar a estrutura da alfa-hélice, base das proteínas, usando apenas conhecimento teórico (a propriedade dos átomos) e um pouco de observação. Seus trabalhos lhe renderam dois prêmios Nobel (um da Química e um da Paz, por seu ativismo contra testes nucleares). Mas em 1951, Pauling decidiu aplicar o mesmo método que usou na proteína para decifrar a estrutura do DNA. Deu bem errado: ele chegou a uma estrutura de tripla hélice que inclusive contrariava os princípios da química e deixou a comunidade científica chocada. A estrutura correta da molécula de DNA foi apresentada dois anos depois, por James Watson e Francis Crick.
Fred Hoyle
O britânico Fred Hoyle foi o primeiro astrônomo a explicar com sucesso como as estrelas podem produzir os átomos mais pesados a partir dos mais leves, gerando toda a variedade química do universo. Também foi ele que inventou o termo Big Bang – que define a explosão inicial que deu origem a todo o universo. Mas a ideia dele era outra: a teoria do estado estacionário. Segundo ela, o universo estaria sempre em expansão, mas seria eterno e imutável, com mais matéria sendo criada em seu interior conforme se expandisse. Ou seja, Hoyle acreditava que o universo era mais ou menos a mesma coisa desde o início dos tempos. Com o tempo, novas observações e a descoberta da radiação cósmica de fundo, a teoria do estado estacionário foi descartada e a teoria do Big Bang ganhou força.
Saiba mais sobre Fred Hoyle
FONTES: Astrofísico lista em livro erros geniais de grandes cientistas | Os gênios também erram: veja as mancadas de Darwin, Einstein e Pauling
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